Compreendemos a brincadeira como linguagem e atividade principal da criança pequena. Forma pela qual ela interage, se conhece e transforma o mundo e a si própria. Na legislação atual pauta-se a brincadeira como um dos eixos estruturantes das práticas pedagógicas, no contexto das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil - DCNEI (BRASIL, 2009) e da Base Nacional Comum Curricular - BNCC (BRASIL, 2017), considerando as especificidades dos currículos para Educação Infantil. Assume-se a centralidade da criança no planejamento curricular, que nas interações e práticas cotidianas, aprende, se desenvolve e produz cultura no brincar. Partindo então dessa discussão, temos nos questionado: Quais as repercussões das significações oficiais nas práticas pedagógicas cotidianas? Como os(as) professores(as) compreendem a brincadeira? De que modos a brincadeira se presentifica nas instituições de Educação Infantil? Neste sentido, definimos como objetivos: investigar práticas de brincadeira no cotidiano da educação infantil e analisar sentidos de professores(as) acerca da brincadeira como eixo do currículo. Ancorados na abordagem histórico cultural de Lev S. Vigotski (2005; 2007) e no dialogismo de Mikhail Bakhtin (1995; 2003), desenvolvemos uma pesquisa empírica – na qual adotamos procedimentos da pesquisa documental, estabelecendo relações entre as teorizações e as definições das DCNEI (BRASIL, 2009), da BNCC (BRASIL, 2017) e do Documento Curricular do Estado do RN - Educação Infantil (RN, 2018), sessões de entrevistas semiestruturadas (gravadas) com professoras, assim como sessões de observação com recurso audiovisual (filmagem) em duas turmas de Educação Infantil com registro em diário de campo. A pesquisa foi realizada em uma instituição pública de Educação Infantil da região do Semiárido Potiguar, envolvendo oito professores(as) que possuem Licenciatura em Pedagogia e trabalham com crianças de creche e pré-escola. Ao analisar os dados construídos pela pesquisa documental e de campo, constatamos a importância do diálogo entre as teorizações, os documentos norteadores da Educação Infantil e as práticas pedagógicas de uma forma que garanta às crianças um aprendizado e desenvolvimento enquanto sujeitos integrais, com os professores oportunizando que a brincadeira se concretize em suas experiências. Observamos também, uma certa discrepância entre as práticas e as orientações dos documentos, a brincadeira, por vezes, é “utilizada” com finalidades didáticas, entendida como recurso pedagógico para ensinar “conteúdos” às crianças. Entretanto, também foi possível identificar algumas propostas de experiências que consideram a criança, suas linguagens e práticas culturais e se constituem como brincadeira. Os sentidos construídos pelos professores, ora se aproximam e ora se distanciam dos conceitos e características básicas do brincar e de seu papel no desenvolvimento da criança. A ausência da brincadeira como forma principal de interação das crianças é justificada pelas professoras quando ressaltam as dificuldades enfrentadas nas práticas cotidianas devido à não disponibilidade de estruturas físicas e materiais na instituição pesquisada.
Comissão Organizadora
Thaiseany de Freitas Rêgo
RUI SALES JUNIOR
Comissão Científica
RICARDO HENRIQUE DE LIMA LEITE
LUCIANA ANGELICA DA SILVA NUNES
FRANCISCO MARLON CARNEIRO FEIJO
Osvaldo Nogueira de Sousa Neto
Patrício de Alencar Silva
Reginaldo Gomes Nobre
Tania Luna Laura
Tamms Maria da Conceição Morais Campos
Trícia Caroline da Silva Santana Ramalho
Kátia Peres Gramacho
Daniela Faria Florencio
Rafael Oliveira Batista
walter martins rodrigues
Aline Lidiane Batista de Amorim
Lidianne Leal Rocha
Thaiseany de Freitas Rêgo
Ana Maria Bezerra Lucas